
A entrevista com o filósofo Pierre Lévy, apresenta seus pontos de vista sobre o tema das novas tecnologias e da introdução delas na sociedade. As opiniões do filosofo despertam para novas óticas desse assunto que gerou polemica desde os primórdios da introdução de novas técnicas e tecnologias na historia da humanidade que, como apontado por ele, técnicas e tecnologias não se tratam apenas dos computadores pessoais e da internet, mas de tudo que já representou um dia uma revolução aos métodos antigos (como a imprensa, que deixou os copistas sem emprego, como a democracia na Grécia antiga, que difundiu a escrita a seus cidadãos).
A introdução das novas tecnologias representam a nova ordem de nossa época, onde “tempo e espaço são regidos pela velocidade”, as coisas acontecem mais rápidas, em tempo real, diferentemente de como era séculos atrás, onde a informação demorava a ser transmitida, seu tempo de repercussão era muito grande, hoje são necessários não mais que alguns segundos para que uma informação seja transmitida a nível global.
Em seus primórdios, o computador era visto como uma inteligência artificial, como um cérebro, pelo menos para Lévy, que depois de seus primeiros contatos com essa tecnologia, notou que o computador era “sobretudo inteligência humana aumentada e transformada”, o computador mudou a forma de pesquisar, tornava certas atividades mais fáceis e rápidas (como cálculos), embora essa plataforma não estivesse disponível para todos inicialmente. Mas então foram criados os microcomputadores, ou computadores, feitos de uma iniciativa, uma vontade de pessoas comuns (não só de empresas, exercito ou governo) de poder participar dessa revolução e de possuir essa tecnologia a seu alcance, no entanto, quando os computadores pessoais surgiram, eles não serviam “para nada”, eram para puro prazer. Algo que se iniciou assim e foi sofrendo melhorias e mudanças, se adequando as necessidades e aos anseios daqueles que o produziam, e, também é claro, da própria sociedade.
Lévy diz que “as pessoas que inventaram a internet e o computador fizeram mais pela sociedade que os militares e os políticos”, isso é algo basicamente inquestionável, poucas coisas na historia da humanidade tiveram tamanha importância em seu desenvolvimento e unificação que o computador (e a internet), e boa parte delas, se não a maioria, foram criadas pelo povo, por pessoas comuns, por motivos comuns, e depois foram transformadas em coisas maiores.
O filosofo francês diz que a internet foi desenvolvida pelos norte americanos a fim de facilitar o trabalho de pesquisadores do exercito, mas pelo mundo, formas semelhantes surgiram em todos os lugares, para diversos fins, e essas redes acabaram se unindo. “A internet é um movimento social dos jovens que vivem em grandes metrópoles interessados em uma revolução técnica e, sobretudo, interessados em experimentar novas formas de comunicação interativas e comunitárias”. Essa rede de comunicação não foi criada pelo governo, ou por grandes empresas, mas pela própria sociedade, isso demonstra a necessidade propriamente humana, que vai além de interesses comerciais ou mesmo diplomáticos, mas a necessidade da comunicação entre pessoas, fator que se expandiu para um campo não mais físico, um campo onde o contato humano passa a ser exercido (ironicamente) sem o contato humano. Sob esse ponto de vista, a internet foi uma manifestação, uma revolução da comunicação criada pela própria sociedade (mas, acabou sendo usada para outras finalidades, como quase tudo que já foi criado pelo homem).
Sobre o impacto das novas tecnologias, Pierre diz que elas eram vistas como algo exterior a sociedade, algo que era criado e imposto, que viesse influenciar a sociedade, que deveria aceita-la, mas no entanto, elas eram um derivado da própria sociedade. A sociedade as criara. Ainda há a visão das novas tecnologias utilizadas para modificar o meio ambiente, coisa que o ser humano faz desde seus primórdios, modificando o entorno a seu favor, com criações e mudanças que facilitem certas coisas, como, por exemplo, plantas e alimentos modificados geneticamente, atendendo a certo requisito que seja interessante ou necessário, favorecendo-o, ou “sumindo” com aqueles que sejam desnecessários ou prejudiciais.
Por fim, para concluir, pode-se ser apontado que as coisas podem e devem ser aprimoradas, as novas tecnologias podem funcionar como substitutas aos métodos passados ou apenas como um complemento, como no caso da arquitetura, onde o desenho a mão pode ser substituída pelo processo eletrônico, pela computação gráfica, ou que esta atue como uma extensão, uma melhoria do desenho, sem deixa-lo completamente de lado, mas que seja usado juntamente, anteriormente ou posteriormente ao processo eletrônico.